Durante todo o ano de 2012, pesquisamos a
musicalidade de Lavras Novas, através do subprojeto “Registrando nosso
patrimônio”, no qual estudamos três tipos de cantos: os religiosos, aqueles
cantados pelas lenheiras e os tocados pela Folia de Reis.
Além disso, fizemos uma pesquisa específica
sobre o Hino de Nossa Senhora dos Prazeres através de entrevistas com a
comunidade!
Esse hino é conhecido por toda a comunidade e
cantado com frequência nas celebrações religiosas, mas pouco se sabe sobre sua
origem. Alguns dizem que teria sido composto na época da escravidão, outros
defendem que sua criação é mais recente. Também existem dúvidas a respeito de
alguns trechos cantados de forma diferente pelos membros da comunidade! Nossa
pesquisa não pretendeu ser conclusiva a esse respeito, mas procurou registrar
os diversos relatos e pontos de vista da comunidade!
Caminhando para "registrar nosso patrimônio" em 23 de agosto! |
As turmas do 7º e do 9º anos apresentam,
agora, seus trabalhos!
Dalvan e Vinícios, do 7º ano, entrevistaram
Maria da Conceição Aparecida Alves Viana, a Lia, funcionária da escola e grande
conhecedora das histórias do distrito! De acordo com ela, não se sabe quem
compôs o hino, mas ele teria sido revisado por Dom Barroso. Lia aprendeu a
cantá-lo na Igreja Matriz, durante as missas, mas diz que ele também costuma
ser cantado em outros lugares.
Dona Rosalina Ribeiro de Carvalho foi
entrevistada pela Cecília, pelo Márcio e pelo Paulo, também do 7º ano. Ela
informou que o hino de Nossa Senhora dos Prazeres é bem antigo e que, desde
criança, o escutava na igreja e também em casa, já que seus pais costumavam
cantá-lo! O hino é cantado principalmente nas celebrações religiosas
comemorativas e toda a comunidade local o conhece! Dona Rosalina chama a
atenção para um fato curioso: antigamente ele era cantado de uma forma
diferente de hoje. A diferença?! Hoje ele é pronunciado corretamente! Antes,
alguns moradores confundiam algumas palavras!
Gustavo entrevistou sua mãe, Stael Alves de
Azevedo Carvalho, com a ajuda dos amigos Pedro e Thomás! Ela se lembra de ter
ouvido o hino pela primeira vez em casa, com sua mãe cantando para ela. E
comentou de outro momento no qual o hino costuma ser cantado por todos: nos
enterros. Disse que Dom Barroso começou a “observar as mulheres cantando de
forma errada e colocou as palavras do jeito certo”! Stael sabe que toda a
comunidade conhece o hino, mas faz uma observação: nem todos sabem cantá-lo!
Finalizando as entrevistas do 7º ano, com a
ajuda do colega José Vítor, Milene entrevistou sua mãe, Rosângela Neto Marins.
De acordo com ela, o hino foi composto com a ajuda de Dom Barroso, de Pedro
Rabicó, de Diogo Lessa, Jarina Lessa e de mais uma porção de gente! O hino é
mais cantado em agosto, em honra à padroeira, mas Rosângela diz que ele também
é cantado em outras situações, até na hora de lavar roupa! Todos conhecem o
hino: desde os mais novinhos aos mais velhos! E destacou que o hino sofreu uma
alteração. A comunidade cantava “fonte de alegria no seu coração, mas o padre falou que é ao seu coração”.
Rosângela, à esqueda, com nosso grupo no dia 15 de maio! |
Chiclete, apelido de Antônio Fernandes
Marins, foi entrevistado por Joanna e Vitória, do 9º ano. Ele diz conhecer 80%
do hino, que teria sido composto no final do século XVI. Lembra de ser pequeno
quando o ouviu pela primeira vez, aos cinco anos de idade, e defende a ideia de
que o hino deve ser sempre cantado na igreja para que essa tradição não se
perca!
Aline, Jardel e Augusto entrevistaram Dona
Ruth Fernandes de Azevedo. Ela reafirma que o hino foi corrigido por Dom
Barroso, que achava o “português da comunidade fraco”.
Dona Aparecida foi entrevistada por seu neto
Júnio e por Gabriel e Serafim. De acordo com ela, o hino foi composto em 1727
pelos escravos que chegaram ao local. Ela lembra de ter ouvido o hino pela
primeira vez aos três anos de idade e que o aprendeu na igreja e com seus pais.
Dona Aparecida esclarece que o hino sofreu mesmo alterações: “algumas letras
foram consertadas, pois os escravos cantavam errado e então o Padre Dom Barroso
ensinou do modo correto”.
Dona Aparecida, ao centro, em encontro do dia 23 de agosto! |
Também do 9º ano, Giovana, Lissandra e
Letícia entrevistaram Edilene Maria Martins Correa Maia, ministra da igreja.
Segundo ela, não se sabe quando o hino foi composto, “essa data é desconhecida
até mesmo pelos moradores de nossa comunidade”. Ela ouviu o hino pela primeira
vez em 1985, durante a celebração da novena do Divino Espírito Santo e de Nossa
Senhora dos Prazeres, quando ainda namorava José Antônio, que viria a ser seu
esposo! De acordo com Edilene, o hino é cantado no momento da consagração à
Nossa Senhora, após a missa, na celebração da Palavra, na encomendação da alma
de algum membro da comunidade que tenha falecido. Ele também é cantado quando
algum visitante pede! E diz que, às vezes, escuta alguém da comunidade cantando
o hino enquanto trabalha! E esclarece: “Dom Barroso, que já foi pároco de nossa
comunidade em meados dos anos 1970 e 1980, sempre fala, em suas vindas aqui
para celebrar, que antes ouvia o hino e teve a ideia de pegar algumas senhoras
para corrigir sua letra, pois ele não entendia o que estavam cantando. Ele deu
uma corrigida, mas existe uma parte que, até hoje, pronunciam errado e ele
tenta nos corrigir, mas, mesmo assim, persistimos no erro! Cantamos ‘fonte de
alegria no seu coração’, mas o certo
é ‘fonte de alegria é o seu coração’”.
Registrando nosso patrimônio, na casa de Dona Prosperina, em 23 de agosto! |
De acordo com um folheto da Novena em honra a
Nossa Senhora dos Prazeres, o hino é assim:
Louvores, Prazeres, Augusta Senhora!
Fonte de alegria, no seu coração. (2x)
Jesus é um grande nome,
É o nome de poder,
De altas majestades, que sois a Augusta dos
Prazeres. (2x)
À Virgem dos Prazeres, celestial Maria,
Aceitai os rogos de quem em Vós confia. (2x)
Com uma Professora assim, dá vontade de voltar para o ginásio! Parabéns, Elodia! Merece todos os elogios!
ResponderExcluirNão precisa voltar para o ginásio! É só participar das ações!! Obrigada, Fernando!!! Abraços nossos!!!
ExcluirE como poderia participar?
ResponderExcluirSe der, acompanhe nossa próxima ação! Gravaremos um documentário com o Canal Futura sobre as músicas de Lavras Novas no dia 7! Apareça lá!
ExcluirSinceramente, fico muito encantada e emocionada com tudo que esse projeto tem feito pela comunidade de Lavras Novas, para a preservação de suas heranças tão peculiares. Quiçá os alunos participantes levam consigo a importância e o valor de cada história que ouvem e estão tendo a oportunidade de conhecerem pessoalmente as personalidades que ajudam a construir a memória deste distrito tão lindo e querido por tanta gente mundão afora.
ResponderExcluirParabéns a cada um de vocês!
Com admiração e meu abraço,
Kátia Moreira